Womb Twin - Portugal

Gémeos singulares são pessoas que partilharam parte da sua vida intra-uterina (na maioria das vezes apenas umas semanas) com um ou mais irmãos ou irmãs gémeos idênticos ou fraternos que não chegaram a nascer. O segredo mais bem guardado até hoje é que o pequeno embrião já tem consciência, já guarda memória.

HAVERÁ PESSOAS GÉMEAS NASCIDAS SINGULARES QUE SOFREM TODA A SUA VIDA, COMO CONSEQUÊNCIA DESSA PERDA DO SEU COMPANHEIRO INICIAL?

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Amor Maior

O gémeo nascido singular ama o Amor Maior, e o amor platónico é deslumbrante, por ser alimentado pela ilusão.

O gémeo sobrevivente busca durante toda a sua vida ardentemente aquilo que conheceu na origem, na relação com o seu companheiro inicial.

Essa relação pode ter tido contornos tão diferentes, como diferentes são todos os seres humanos. Nem todos os sobreviventes de gestações gemelares vivem fundamentalmente obcecados pela procura do Amor que os uniu. Os outros sentimentos como o abandono, a tristeza ou a raiva, ao serem recordados lá do fundo das suas consciências, podem vir a influenciar profundamente as suas vidas.

O amor primordial, delicado e sublime que os dois pequenos fetos experimentam é recordado, como um inefável sentimento de amor puro, uma relação harmoniosa e perfeita, provida de uma sublime beleza. Este sentimento de perfeição é muitas vezes reencenado como sendo, o que hoje é comum chamarmos, o amor platónico, ou o amor a Deus, afinal, uma variante do amor platónico. Ficino, o filósofo que traduziu para o latim a obra de Platão, dizia que “o amor platónico é o desejo da beleza, enquanto representação do divino".

No útero, o novo ser humano em desenvolvimento é, antes de mais, um ser espiritual, um ser que está em vias de encarnar, cuja ligação ao mundo invisível é mais forte que a ligação ao mundo terreno. Dois fetos juntos no útero são dois seres essencialmente espirituais, ligados entre si. Mas o pequeno corpo em desenvolvimento, que já sente e já guarda memória, é um instrumento da dimensão espiritual. A sexualidade, sendo uma forma de expressão do prazer corporal, é também uma manifestação do prazer resultante da união espiritual entre ambos os fetos.

Nas relações amorosas, o sobrevivente de gestações gemelares adulto, traumatizado pela falta do seu saudoso companheiro de viagem, pode procurar reencenar a experiência espiritual por que tanto anseia, tanto através da recusa determinante dos prazeres carnais (mantendo as suas relações amorosas ao nível espiritual) como através da vivência intensa da relação sexual por si só (podendo mesmo desenvolver uma obsessão ou dependência pelo prazer sexual).
(ver também o contacto corporal com o outro)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Dia do Gémeo Singular

Hoje, dia 21 de Dezembro, é o dia escolhido para homenagear (aqui a comemoração da Wombtwin.com) todas as pessoas que, nascidas sós (isto é, aparentemente não-gémeas), nos secretos primórdios da sua vida intra-uterina foram geradas como gémeas, ou mesmo, que viveram com os seus irmãos gémeos durante uma boa parte da sua gestação. Elas são chamadas de gémeos singulares porque não tiveram tempo de vida depois do nascimento com os seus irmãos.
Para comemorar este dia escolhi este ano (aqui o post comemorativo de 2009) uma canção do Jorge Palma, que dedico aos meus pequeninos de início de viagem. E mais uma vez agradeço ao cantor e a sensibilidade para compor letras e músicas como esta, que contam toda a nossa história com tanto pormenor e delicadeza!






domingo, 12 de dezembro de 2010

Frida Kahlo

Foi uma pintora mexicana, que pintou dezenas de auto-retratos (ver aqui), era obcecada pela sua imagem...

Na sua biografia do site da Fundação de Frida Kahlo, lê-se que dos 143 quadros que Frida pintou, 55 são auto-retratos, incorporando muitas vezes elementos simbólicos que descrevem as suas dores físicas e psicológicas. Lê-se ainda que ela insistia dizendo:
"Eu nunca pintei sonhos, sempre pintei a minha própria realidade."

Não duvido!
Aqui até pintou duas Fridas ligadas...

Esta é uma homenagem a Frida.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Grito VIII - O regresso ao todo

Algures no meu passado eu alternava entre estados mentais muito, muito depressivos e outros de grande entusiasmo, euforia mesmo. Felizmente para mim, os estados de entusiasmo eram muito mais frequentes do que os depressivos. Durante estes últimos anos experimentei diferentes "terapias", inicialmente por mera curiosidade. A técnica que desencadeou todo o meu processo de cura foram as constelações familiares. Apercebi-me como as nossas vivências passadas se reflectem na nossa saúde, e como os problemas emocionais se reflectem no nosso estado actual. E tomei consciência de alguns acontecimentos que de alguma forma deixaram marca no meu ser emocional. Foi então que conheci a wombtwin_portugal.
Quando me falaram da hipótese de eu ter tido um gémeo durante a minha gestação, no início senti que não era essa a minha história. Mas algumas semanas mais tarde, de alguma forma, aquilo começou a fazer sentido: ter perdido um irmão explicaria a alternância emocional; a sensação de divisão interna; a sensação de vazio absoluto que algumas vezes sentia; o modo como eu me sentia confortável quando eu estava na minha cama, acordada, mas sem vontade de me levantar (era tão agradável e acolhedor estar assim, só na minha cama, com os cobertores por cima, deixando apenas o nariz de fora); e o desejo esmagador de partilhar esse sentimento com um ursinho de peluche, sim, um urso de peluche ... eu sentia-me ridícula. E um dia tudo fez sentido. A presença do meu gémeo surgiu na ltima vez que participei numa sessão de constelações familiares. E de repente tudo isso desapareceu, essa divisão, esse vazio. O Amor engoliu-nos a ambos e juntou-nos. E nós tornámo-nos Um Só, e finalmente passei a sentir-me inteira.
Daquele momento em diante tudo mudou. Mas foi uma mudança bastante subtil que não se vê de fora. Mas aconteceu. E agora, depois de ter passado por um divórcio, eu sinto-me inteira, em harmonia comigo mesma, numa absoluta paz de
espírito. E durante os difíceis momentos que se seguiram ao meu divórcio, eu senti realmente que havia alguém a olhar por mim. Poderia ser apenas a memória celular? Talvez :-)
Mas o que importa é que eu sei que não estou sozinha. De alguma forma eu sou uma pessoa privilegiada: eu não preciso de contacto físico com meu irmão gémeo. Porque nós somos Um.
(...)
O meu irmão gémeo e eu somos Um, não há mais separação nem divisão, nem mesmo o sentimento de sobrevivência. Estamos juntos :-)
(...)

McMendes

Traduzido do inglês de http://wombtwin-ie.blogspot.com/2010/01/re-birthing.html#comments

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Conferência Wombtwin.com 2010

Realizou-se no passado fim-de-semana em Londres mais uma, a terceira, Conferência Anual da Wombtwin.com. Os presentes, uma vez mais poucos mas bons, vindos de diferentes países desde a Hungria à Alemanha, da França à Irlanda e, claro, a Portugal e à Inglaterra, aproveitaram da oportunidade única de convivência e partilha excepcionais, que só existe entre pessoas com a mesma história original.
Houve tempo para receber informação, para falar de coisas sérias, para rir e conversar, e para trabalhar no processo interior de cada um.

Na sexta-feira ao fim da tarde a Althea Hayton abriu o encontro apresentando o seu projecto e em seguida foi a minha vez de falar sobre como ajudar os bebés e crianças gémeas singulares, e apresentar o meu livro para crianças ME and WE, desenvolvido a partir daquele que escrevi com a minha filha Eu e a minha Gémea (ver inf. à esquerda). No sábado foi apresentado um trabalho de investigação realizado na Hungria baseado num questionário parecido com o que Althea desenvolve; o psicólogo alemão Alfred Austermann falou sobre o Trauma e Cura para gémeos singulares; falou-se depois sobre o tema da sexualidade e ainda sobre o conceito de gemelaridade. E no domingo começou-se por um ritual individual de cura de cada participante para depois se passar às questões mais concretas relacionadas com a vida da Associação Wombtin.com em que se fizeram balanços, contas e planos para o futuro.

O que eu trouxe de mais precioso deste encontro wombtwin.com, para além da partilha extremamente sincera e profunda com todos os presentes, foi o seguinte entendimento do que é a identidade gemelar:


Um gémeo é para sempre um indivíduo dual (dois num corpo); há uma presença constante do outro em cada um dos gémeos: Eu não sou apenas eu, eu sou nós em simultâneo, eu sou aquilo que eu sou mais aquilo que tu és.

Os gémeos que nascem singulares são assim, e do mesmo modo, duais, sendo que o outro não está (nem nunca esteve) presente neste mundo: Eu não sou apenas eu, eu sou nós em simultâneo, eu sou aquilo que eu sou (ser terreno) mais aquilo que tu és (ser espiritual).

Qualquer intenção de separação resulta em desastre, e em desintegração! Só a integração, a fusão das duas entidades originais numa só, é que pode ajudar!
Resumindo:
O gémeo que nasceu sozinho, ao tomar consciência da sua história de gemelaridade, precisa de abraçar o seu gémeo "perdido" trazendo-o para a sua vida, para aceitar, integrar e principalmente celebrar a sua dualidade.
Como afirma Tchan Montmory, uma das participantes: o gémeo singular é a manifestação corporizada da ilusão da separação. Porque de facto Somos Todos UM.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O Perdão é uma solução...

Não há futuro no passado!



Está na hora de libertar, desistir, largar, soltar, deixar ir, confiar...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Grito VII - Ninguém me pode ajudar...

Ninguém pode substituir nem compensar esta falta que trago enraizada, do pequeno embrião que me acompanhou no início, quando eu também era apenas um embrião; que se parecia comigo e tinha o meu ADN.

Durante muitos anos procurei quem pudesse substituir o meu companheiro de início de vida – a minha mãe? um amigo especial? - mas agora já não chega. Agora sei que não és tu quem eu procuro, e que não podes ajudar-me. Mesmo estando lá para mim como um irmão, como um amigo muito querido, mesmo que tentes fazer de conta que és aquele por quem eu sofro, o meu pequeno companheiro inicial, tudo isso será apenas uma ilusão que, mais cedo ou mais tarde me levará de novo ao sofrimento. E mesmo se encenarmos a confiança, a profunda ligação, a fusão, da alma e do corpo, mesmo assim não será igual àquilo que eu recordo tão vivamente do meu início, e que tantas saudades me deixa.
Preciso de me libertar de substitutos para compreender e entender aquilo que realmente sinto, o que é mesmo difícil... porque, dentro do meu coração, me sinto tão só e assustado.
Contra esta solidão ninguém pode fazer nada, só eu próprio a poderei preencher com as minhas memórias e com tudo aquilo que eu sou.

Nunca me poderei libertar desta minha história antiga, isso nunca poderá acontecer, nunca, ela pertence-me, faz parte de mim, é o que eu sou. Mas se poder olhá-la de frente talvez fique mais aliviado. Se entender o que se passa comigo posso desculpar-me de todo este sofrimento, posso tentar esquecer a dor e guardar apenas a oportunidade de não ter sido gerado sozinho.

Grito VI - Estou tão triste...

O meu coração sente-se infinitamente triste, abandonado, sozinho e assustado. Estou de luto pelo pequeno embrião que me acompanhou no início quando eu também era apenas um embrião; que se parecia comigo e tinha o meu ADN.

Cada vez que estou na mó de cima vem de novo a culpa, que não me permite ser bem sucedido, e feliz. Porque eu não me consigo perdoar por ter vivido e ele não.
É como se eu precisasse dessa dor antiga, como se quisesse sofrê-la para me reencontrar com a minha outra metade.
E é fácil relembrá-la, basta-me imaginar que alguém que eu amo me poderia deixar, para cair de novo naquela aflição, que eu mal a consigo suportar, mas que me conduz a um terreno conhecido. É lá que me sinto novamente perto do meu querido amigo do coração. Por isso volto sempre lá, à minha dor, regularmente, sempre outra vez.

Nunca me poderei libertar desta minha história antiga, isso nunca poderá acontecer, nunca, ela pertence-me, faz parte de mim, é o que eu sou. Mas se poder olhá-la de frente talvez fique mais aliviado. Se entender o que se passa comigo posso desculpar-me de todo este sofrimento, posso tentar esquecer a dor e guardar apenas a oportunidade de não ter sido gerado sozinho.

Grito V - Olhem para mim!!!

Não suporto que não me vejam, que não me adorem, que não me admirem. Porque assim não vêem, não amam nem admiram o pequeno embrião que me acompanhou no início, quando eu também era apenas um embrião; que se parecia comigo e tinha o meu ADN.

Para vê-lo, para ver a minha outra metade, só preciso de olhar-me ao espelho. Eu e minha imagem no espelho somos inseparáveis, juntos somos um só, nós os dois. Amo-o e admiro-o tanto que quero que todos saibam que ele é fantástico (isto é, que eu sou fantástico). Quando os meus amigos não me acham o máximo, se não me sinto querido e protegido, vem aquele peso, aquela vergonha, como se eu não tivesse o direito de viver. Porque no meu íntimo eu não me conformo de não ter conseguido ficar com o meu querido Outro Eu. É um terrível sentimento de culpa, mas também de medo, de pânico mesmo, de não conseguir sobreviver sozinho; por vezes preferia mesmo estar morto como a minha "outra metade".

Nunca me poderei libertar desta minha história antiga, isso nunca poderá acontecer, nunca, ela pertence-me, faz parte de mim, é o que eu sou. Mas se poder olhá-la de frente talvez fique mais aliviado. Se entender o que se passa comigo posso desculpar-me de todo este sofrimento, posso tentar esquecer a dor e guardar apenas a oportunidade de não ter sido gerado sozinho.

domingo, 18 de julho de 2010

3º Aniversário da WombTwin.com

Comemorou-se ontem o 3º Aniversário da Associação WombTwin. Parabéns!!!

A história da nossa associação mãe começa em 2002, quando Althea Hayton se apercebe de que durante a sua gestação havia mais alguém com ela. Desde então, no seu caminho de auto-descoberta Althea aprende muito acerca das suas próprias reacções psicológicas resultantes da perda pré-natal de um embrião, seu gémeo. Começando a questionar-se, em primeiro lugar, se haveriam outras pessoas que como ela perderam embriões gémeos antes de nascer, e depois se essas pessoas também teriam experiências e vivências semelhantes à sua, Althea dá deste modo início à sua pesquisa.

Em 2003 cria o primeiro de muitos questionários, que coloca on-line num site criado para o efeito, através do qual começa a trocar e-mails com gémeos nascidos singulares de todo o mundo. Depois apercebe-se que por cada par de gémeos existem dez gémeos nascidos sozinhos (ou seja, pessoas cujo irmão, irmã ou irmãos gémeos morreram durante a gravidez ou próximo do nascimento). A frequência com que ocorre esta situação dá-lhe que pensar, de modo que Althea decide procurar formas de identificar e ajudar essas pessoas - porque ela sabe que elas precisam de ajuda; isto torna-se a missão da sua vida.

Em Abril de 2007, Althea recebe um prémio da Unltd. Millennium, em Londres, que no dia 17 de julho de 2007 lhe permite criar a associação sem fins lucrativos WombTwin.com .
Um ano depois, em Junho de 2008, realiza-se em Londres a primeira conferência WombTwin.
Aquando do segundo aniversário em Julho de 2009, é publicada uma antologia de artigos sobre gémeos singulares, e uma colecção de histórias escritas pelos próprios gémeos sobreviventes.
Althea atinge por essa altura o número de 500 questionários preenchidos por pessoas dos quatro cantos do mundo, que entrega ao Departamento de Estatística da sua Universidade local para serem analisados. Com base na análise dessa pesquisa publica então o perfil psicológico do gémeo nascido singular. Ainda nesse ano em Outubro tem lugar em St Albans, Londres, o primeiro evento Open Space e Conferência WombTwin.
Para continuar a difundir a sua mensagem de cura Althea está agora a escrever um livro onde vai registrar o resultado dos últimos sete anos que dedicou à sua investigação, utilizando toda
a informação que retirou de histórias e questionários que lhe foram sendo enviados por email de centenas de pessoas que a contactáram directamente. Com o título "Womb Twin Survivors: The Lost Twin in the dream of the Womb", este livro será publicado pela Wren Publicações a 4 de Janeiro de 2011.

Actualmente a Associação WombTwin.com conta com 23 membros europeus, e 60 associados residentes noutras partes do mundo, principalmente nos E.U.A. William Bingley, em tempos Diretor Jurídico da MIND, ele mesmo também um gémeo, é patrono da WombTwin.
A presença da WombTwin na web está a expandir-se cada vez mais: há um novo site, criado por Kevin Beynon, onde é possível aceder a várias páginas editadas por pessoas por todo o mundo. A newsletter GEMINI VOICES, entregue por e-mail para 172 pessoas por mês, contém as últimas notícias de eventos e desenvolvimentos da associação e também do projecto de Althea Hayton. A WombTwin.com Ltd tem uma página no Facebook, e há também uma página no Twitter. Foi criado um fórum no Yahoo especialmente para os membros WombTwin. O site tem uma loja que vende artigos com o logótipo WombTwin, hoje amplamente reconhecido como um sinal de que a informação, acerca do que são e como é possível dar apoio e ajudar os gémeos singulares, está disponível.

Os gémeos nascidos singulares já não precisam de sentir-se diferentes, sozinhos e incompreendidos. Há ajuda disponível. Acreditem: -Não estão loucos!, são simplesmente normais sobreviventes de gravidezes gemelares!

(relato gentilmente cedido por Althea Hayton)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Once a twin, always a twin...

Once a twin, always a twin - quem foi gémeo, será gémeo para sempre; é uma expressão do Dr. Raymond W. Brandt o fundador da organização americana "Twinless Twins" (ver aqui) de apoio a pessoas que perderam os seus irmãos gémeos em qualquer idade.

Neste pequeno excerto de um concurso canadiano vemos uma dupla de bailarinas gémeas, que concorreram com uma peça em que festejam a sua relação gemelar. Mas o mais fascinante aqui é a reacção dos jurados, e nomeadamente do último jurado que quase não consegue falar de emoção. Ele diz que o seu filho é gémeo sobrevivente do síndrome do gémeo desaparecido (vanishing twin sindrome) mas o que ele nos mostra é que quem parece ter perdido um companheiro ou uma companheira de início de vida é antes de mais ele próprio!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Conferência APPPAH 2010

A associação para a psicologia e a saúde pré- e peri-natal, APPPAH, sediada em Forestville, CA nos EUA, tem já uma longa história de 25 anos para contar. Nos próximos dias 11 a 14 de Novembro irá realizar-se mais uma Conferência Internacional, a XV, sob o título: "Abraçando a Ciência da Psicologia Pré-natal e do Nascimento: o que sabemos e como obtivemos esse conhecimento". Ou seja, o Congresso pretende dar ênfase à importância da pesquisa nesta área científica de ponta - a psicologia e a saúde pré- e peri-natal.

Althea Hayton, a fundadora da Wombtwin.com estará presente, pela primeira vez, entre os ilustres autores e investigadores de renome mundial, a apresentar o seu trabalho de investigação realizado nomeadamente no âmbito da observação dos inúmeros contactos que tem feito através do site da wombtin.com (ver aqui o programa - dia 12 às 10h15).
Parabéns e boa sorte para a sua apresentação.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O contacto corporal com o Outro

Dentro do útero vive-se num mundo não-verbal, não há palavras, só há emoções e toque.
Para além de muito simbiótica (o gémeo sente intuitivamente o que o seu irmão sente, ele não pode evitar essa percepção), a vivência intra-uterina que os gémeos experimentam é, para além de espiritual, sobretudo corporal. O toque, o contacto físico com o seu amigo do início de vida são-lhe tão familiares, dão-lhe segurança e conforto. No início ambos se sentem unidos como se fossem um só Ser. O vínculo entre eles é de tal proximidade... , não têm como entender a diferença entre si... é uma intimidade difícil de descrever.




Desde o seu nascimento, e à medida que crescem, os bebés gémeos vão tomando consciência dos seus limites corporais, vão distinguindo aquilo que é o seu corpo do que é o corpo do seu irmão ou irmã, vão se tornando indivíduos separados um do outro. Mas mesmo que a vida e a distância os separe, a intensidade do seu vínculo de amor fraternal mantém-se, assim como a sua história de uma ligação inicial de grande intimidade. Aqui uma mulher descreve a relação com a sua irmã num testemunho muito bonito dessa cumplicidade. Outro testemunho na primeira pessoa, que fala da saudade de contacto inclusive corporal, é de uma rapariga que perdeu a sua gémea já em adolescente, ver aqui.



E os gémeos singulares?


Guardando também a memória viva do conforto no contacto corporal com o Outro, eles não tiveram a hipótese de descodificar e integrar essas sensações na infância, (ver aqui um exemplo comovente) eles não sabem de onde vêm esses impulsos...


A vivência pré-natal influencia a vida presente ao nível das relações sociais, da vida profissional e com certeza também da vida sexual. Profundamente amorosa a relação entre gémeos não tem um cariz sexual, no entanto, na vida fora do útero, a relação sexual é um dos modos de relacionamento humano que se aproxima muito deste nível de intimidade entre dois Seres.


Para os sobreviventes de uma gestação gemelar a procura do parceiro sexual poderá estar impregnada da tentativa de resgatar esta vivência remota, tão longínqua quanto presente - a unidade com o Outro. A expressão dessa sabedoria corporal interna pode assim assumir a forma de homossexualidade, como uma possibilidade de recuperar a sensação da relação corporal com um gémeo do mesmo sexo.


A traumática perda de um gémeo nas primeiras semanas de gestação pode influenciar as escolhas e orientação sexual do sobrevivente, levando-o a procurar ligar-se àquela pessoa que melhor satisfizer a sua necessidade de recriar o tipo de intimidade que o seu corpo recorda do tempo em que era apenas um pequeno embrião.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Dia Mundial da Criança

Hoje festeja-se o dia da criança, e muitas são as crianças que se sentem mais olhadas pelos adultos, mais mimadas. E este é um miminho para aqueles meninos que vivem com uma determinada tristeza no seu coração, que não conseguem identificar.

Sabendo como sentem os gémeos que sobrevivem à perda do seu irmão ou irmã no ventre materno, nós podemos ajudar esses meninos.
Vamos informar principalmente os pais e os professores de que existe esta possibilidade, para que eles próprios possam compreender o porquê das crianças sentirem aquilo que sentem.
É a partir desse conhecimento que a vivência da perda do irmão gémeo desaparecido pode ser integrada. Durante esse processo de tomada de consciência, que é um processo de luto e pode levar bastante tempo, os pais e cuidadores podem ajudar dando simplesmente um apoio presente e amoroso, disposto a ouvir e acolher tudo o que a criança tiver necessidade de dizer ou exprimir.
Estas crianças tiveram realmente uma vivência pré-natal especial: elas nasceram com uma experiência de perda do mais íntimo, mais próximo e mais entrelaçado (física-, emocional-, psicológica- e espiritualmente) de todos os relacionamentos humanos - o relacionamento gemelar.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Owl City - a saudade

A saudade - a relação com o passado perdido

terça-feira, 25 de maio de 2010

Segundo Aniversário - O REINÍCIO

Faz hoje dois anos que comecei a escrever no blog Gémeos Sobreviventes (http://www.gemeo-sobrevivente.blogspot.com/).

E para assinalar esta data decidi fazer duas grandes mudanças: mudar para um novo modelo de imagem, mais luminosa, de mais esperança no futuro, e principalmente de mais vida; e mudar o próprio nome do blog, de Gémeos Sobreviventes para Gémeos Singulares (inclusivé no endereço! que passa para http://www.gemeo-singular.blogspot.com/).

Neste momento esta parece-me uma designação mais acertada, afinal a palavra sobreviventes é demasiado conotável com sofrimento vitalício... quero dar mais liberdade de escolha a esta condição; singular não é mais que o inverso de plural ou dual!


Ao longo destes dois anos o meu grande objectivo tem sido, e vai continuar a ser, de contribuir, de uma maneira muito espontânea e pessoal, para a divulgação deste que é um segredo muito bem guardado... uma nova perspectiva sobre as características da psique e das emoções humanas...

Falo do que sinto e do que observo, do que me dizem, do que leio, etc., etc. E aceito propostas de posts de quem quiser contribuir; é só escrever para wombtwin.pt@hotmail.com.

Faço-o para todos aqueles que sentem curiosidade, que procuram saber mais sobre o que são e como sentem os gémeos singulares, ou para quem, por acaso, aqui vêm parar...
E tenho muito gosto em fazê-lo, é um prazer, uma paixão!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Grito IV

Tenho 48 anos e durante todo este tempo senti sempre uma solidão muito grande, não sei fazer nada sozinha, ao ponto de me zangar comigo mesma por não conseguir fazer as coisas mais simples da vida sozinha, como ir às compras, ao cinema, à praia, até uma pequena viagem de 20 minutos de carro.
Só ontem, numa constelação familiar, descobri que sou uma gémea sobrevivente, e percebi agora o porquê de tanto sofrimento!

E como foi bom ter essa consciência e fazer uma vénia a esse embrião que não sobreviveu e que me deu a vida.
Agora sei que tenho de o libertar de mim e dar uma oportunidade a mim mesma de viver sozinha….
Edite Feiteiro

quinta-feira, 20 de maio de 2010

EU SOU NUVEM PASSAGEIRA

Mais uma canção que dá voz ao gémeo perdido... (assim como a que foi referida no dia 11 deste mês)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Vizinhos de Útero

Histórias de gémeos adultos vivos, a sua relação, as suas alegrias e tristezas

Vizinhos de Útero é um blog criado por Jemima Pompeu, uma brasileira de São Paulo, a gémea da esquerda na foto.
Hoje ambas têm 41 anos, no entanto na sequência do caminho que a sua vida tem levado no que respeita à sua irmã, Jemima entende o sofrimento dos gémeos singulares.

Neste relato Jemima explica-nos gentilmente o que a levou a criar o seu blog (para conhecer toda esta história clique aqui, e veja uma entrevista sua):

Somos gêmeas bivitelinas e na infância éramos muito unidas, tínhamos sintonia e cumplicidade. Mas, na adolescência ela aproveitou a oportunidade para morar com meu irmão nos Estados Unidos e eu escolhi ficar.
A partir daí, perdemos aquela sincronia gemelar. Naquela época não tinha internet. Nosso contato era raro. Aos 21 anos ela voltou noiva, eu já estava casada. Tanto ela quanto eu - éramos pessoas diferentes. A vida tinha mudado muito para ambas. Logo em seguida ela casou e eu me separei. Com o divórcio decidi morar no Paraná e ela ficou em São Paulo. Então, não tivemos mais a oportunidade de conviver. Não tínhamos mais assuntos comuns para compartilhar, não tivemos interesse em acompanhar uma a vida da outra. Quando voltei pra São Paulo em 2006, ela tinha se mudado com o marido e filhas para Miami. Nossa vida é marcada por desencontros.
Durante muitos anos eu não entendia essa distância emocional, essa enorme lacuna que ela deixou em mim. Mas hoje eu compreendo que não foi intencional nem proposital.
Eu a amo incondicionalmente, mesmo tendo uma relação superficial. Não é porque não falamos o mesmo “idioma” que devemos cultivar mágoas. Não há rancor.
E justamente por estar liberta deste conflito, senti-me preparada para criar o Vizinhos de Útero e compartilhar minha história com os demais gêmeos.
Consulte também http://www.vizinhosdeutero.blogspot.com/, ou em Twitter: @vizinhosdeutero


E no cabeçalho do seu blog Jemima escreve:
Você procura seu irmão (a) gêmeo (a)? Envie sua história por e-mail e deixe seus contatos. Seu recado é postado aqui, em 'PROCURO-ME'. Afinal, quem procura um irmão gêmeo, procura parte de si mesmo.

terça-feira, 11 de maio de 2010

DJ Encore - On Your Own

Apesar de mais raras, podemos encontrar em manifestações artisticas de diversos tipos, nomeadamente na música, algumas referências ao sentir do gémeo perdido, daquele que se foi, do que desistiu do sonho de viver, daquele que decidiu partir para deixar espaço ao seu irmão sobrevivente.

Esta música e letra de DJ Encore (a primeira música da lista a tocar aqui no blog), tão emocional e melancólica, descreve uma comovente despedida.
Reparem na inevitabilidade do adeus apesar do vínculo amoroso... reparem no sublinhado...


A menininha que procuras já cá não está. Não lhe podes chegar, está fora da vista; desaparece lentamente na escura noite vazia onde costumávamos estar deitados; enquanto tu dormes eu sussurro-te: Adeus.
Porque nada permanece igual para sempre. Eu gostava de poder mudar por ti.

Vá, deixa-me
enquanto ainda podes, continua sem mim, tens que entender, é assim que eu sou. Por isso, boa noite, meu amor, agora ficas sozinho. Agora ficas sozinho.
A menininha que costumava dizer: eu nunca te deixarei, mudou de ideias, acordou do seu sonho sem fim. E no lugar escuro e vazio onde costumamos ir, quando hoje é ontem, saberemos que nada permanece igual para sempre. Eu gostava de poder mudar por ti.

Vá, deixa-me enquanto ainda podes, continua sem mim, tens que entender, é assim que eu sou. Por isso, boa noite, meu amor.
Espero que te sintas melhor, e talvez um dia possas entender, que nós estamos sós -juntos. Oh, meu amor, não fiques como eu…

Vá, deixa-me, continua sem mim enquanto ainda podes. Tens que entender é assim que eu sou, por isso, boa noite, meu amor, agora ficas sozinho. Agora estás sozinho.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Um buraco na alma

Vem dá-me a tua mão, quero contactar com os vivos, não sei bem se entend0 o meu papel aqui... Sento-me a conversar com Deus, mas Ele só se ri dos meus planos, a minha cabeça fala uma língua que eu não compreendo...
Só quero sentir o verdadeiro Amor, o lar onde vivi, porque eu tenho demasiada vida a fluir nas minhas veias e a ser desperdiçada...
Eu não quero morrer, mas também não estou muito interessado em viver, antes mesmo de me apaixonar, preparo-me para deixá-la...
Tenho um Medo-de-morte, e é por isso que continuo a correr, vejo-me a caminho antes mesmo de chegar ao destino...
Eu só quero sentir o verdadeiro Amor, o lar onde vivi, porque eu tenho demasiada vida, a fluir nas minhas veias e a ser desperdiçada...
É que eu preciso de sentir o Amor verdadeiro, sentir a vida eterna. Nunca me chega o que tenho...
Eu só quero sentir o verdadeiro Amor, sentir o lar onde vivi, porque eu tenho demasiado amor, a fluir nas minhas veias e a ser desperdiçado...
Tenho um buraco na minha alma, podes vê-lo no meu rosto, é realmente muito grande...
Vem segurar a minha mão, eu quero contactar com os vivos...



Ver até ao fim!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Grito III - Inefável memória

É ... um Ser..., uma ... criatura ...? Não, um corpo? Não! Não é uma mulher nem uma menina... nada disso! Não é uma figura, nem uma silhueta...; É uma presença! Sim é isso, uma presença… Imagine-se uma presença! Não é uma pessoa, é uma presença, uma existência, uma … onda emitida por um conjunto de matéria que agrupada daquela maneira, e só daquela maneira, resulta daquele modo. Não vem de fora, não é um olhar, nem um modo de estar... Não sei o que é...
Imagine-se algo indescritível como o cheiro de um perfume… mais o cheiro só, nem sequer se pode falar de perfume. Um sentimento como o que advém de um cheiro forte. E esse cheiro por sua vez desprende-se de uma presença… que se vê, que se ouve, que se sente, mas que não tem nome nem designação, porque o tal sentimento apaga qualquer referência. Um sentido que tem a ver com a alma, não tem a ver com factos, portanto não tem a ver com a matéria, ... e no entanto é físico com certeza, se é um sentido, neste caso o olfacto.
Mas não é o ser um cheiro que interessa, é algo de indescritível como o é um odor que paira no ar, que se desprende daquela presença, que é tão forte que apaga os seus traços. Os traços físicos como os mentais, os racionais.
Só resta a irracionalidade, o descontrolo, perde-se a razão … e tudo o que era deixa de ser.


Salomé

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Memória corporal


Pierre-Yves Diacon autor e interprete desta peça de dança contemporânea, é gémeo sobrevivente. Aqui "fala" a sua memória corporal... alguém conhece isto???




"Saber desde sempre que tive um gémeo deu-me um chão onde firmar os pés; suavisou uma ferida profunda, mas claro, não a curou. Canalizou uma obsessão; deu forma, identidade e reconhecimento à exaltação dentro de mim; revelou-me aos meus próprios sentimentos; deu um melhor-amigo cá dentro.

No meu caso, sinto mais melancolia do que depressão e culpa, embora esses dois aspectos me façam uma visita de tempos em tempos, sob diversas formas e disfarces. Com melancolia quero dizer: uma tristeza profunda e tranquila como um oceano onde se pode nadar, mas onde podemos afundar-nos se ficarmos demasiado tristes..."

Pierre-Yves Diacon

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Gémeo reencontrado

Alfred Austerman é psicólogo, naturopata, com várias formações das terapias corporais e trabalha há muito tempo com gémeos sobreviventes. Facilita regularmente Workshops específicos nesta matéria em Berlim e Paris.
O trabalho realizado nestes Workshops de fim de semana recorre a métodos diferentes da constelação familiar, trauma-terapia energética, terapia corporal biodinâmica e rituais xamânicos, conforme o que é necessário. Uma outra das suas técnicas de trabalho é o Aqua-release. Num ambiente protegido e respeitoso dá-se espaço para a cura.



"Chega um momento que é preciso deixar ir, soltar-se do outro, por exemplo, num ritual de despedida, um funeral. Isto é necessário para que o choque sofrerido quando o outro desapareceu possa ser curado. Para poderem sentir-se inteiros na vida quotidiana sem o outro e sem sentimentos de culpa em relação ao outro, é necessário fazer um processo de cura aos níveis corporal e energético. O vazio energético, causado pela perda do outro pode assim sarar."

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Amor ex-gemelar...

Este video fala por si. Uma jovem faz uma declaração de amor à sua amiga, amor fraterno, amor gemelar como ela tão bem reconhece.
Para quem não sabe reconhecer a diferença esta declaração, cheia de ternura e inocência, confunde.
É uma fronteira delicada, mas não me parece que se trate aqui de amor homossexual. A minha hipótese é de que a menina que criou o vídeo seja uma gémea sobrevivente que está a preencher o espaço deixado pela sua irmã gémea com esta amizade. Será essa a razão que a leva a exacerbar o sentimento de pertença, e a faz sentir um amor tão perfeito e sublime pela amiga?
Vale a pena comparar com o post Gémea para todo o sempre onde uma jovem que perdeu a sua irmã gémea descreve os seu sentimentos.
Até a letra da música tem a ver com a perda!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O advento da epigenética

Nos passados dias 2 e 3 de Janeiro a RTP2 passou os dois episódios do documentário "Twins" da BBC. O documentário, que resulta de um estudo cientifico envolvendo 10 mil gémeos, questiona aquilo que constrói a nossa identidade.
A partir do estudo de gémeos idênticos os cientistas observam o que faz com que esses irmãos gémeos tenham desenvolvimentos diferentes, já que a sua informação genética é exactamente igual. O estudo consiste em entender de que modo eles estão destinados a ter vidas idênticas ou até que ponto o meio ambiente pode ligar e desligar determinada informação genética e alterar os seus percursos de vida.

Devido à possibilidade de acompanhar com tanto pormenor a gravidez, através das ecografias 3D, os investigadores conhecem cada vez melhor o que se passa durante a vida intra-uterina. Hoje em dia eles sabem que, sendo um espaço pequeno, o útero oferece um mundo de possibilidades, e que os gémeos apesar de partilharem esse mundo podem ter vivências muito diferentes, e consequentemente desenvolvimentos muito diferentes mesmo antes de nascerem.

A epigenética é uma área de estudo que se debruça sobre a influência que as experiências de vida e o ambiente em que uma pessoa se move exercem sobre a disposição genética desse indivíduo.
É o perfil epigenético que é diferente nos gémeos idênticos, conforme o que vivem a expressão dos seus genes é modificada por agentes que os ligam ou desligam.
A Epigenética é tão revolucionária que está a mudar o modo como os cientistas vêem as mais conhecidas e debilitantes doenças. O Prof. David Leslie, geneticista que estuda há longos anos o genoma humano, afirma que depois de estudar os gémeos se tornou um não-geneticista pois compreendeu que não são os genes que nos trazem as doenças mas sim a interacção do ambiente com os genes. Essa interacção é que é importante.

E eu pergunto: se o ambiente vivido dentro do útero envolve por exemplo a morte de um outro embrião gémeo, não podemos esperar do sobrevivente uma profunda e elementar modificação epigenética do seu genoma original? E se essa modificação se deu devido a uma ocorrência externa, não será ela reversível?

Entre os vários casos apresentados destaco ainda a observação da sincronicidade a nível corporal entre gémeos idêncicos. É relatada a história de dois irmãos idênticos que apesar de terem optado por estilos de vida opostos (um alimentava-se de modo muito saudável e era fisicamente activo e o outro era sedentário e comia "mal") ambos sofreram de problemas de coração no mesmo local e do mesmo tipo. Como será isto possível? Como este documentário não inclui a dinâmica psicológica a questão fica no ar. No entanto eu arrisco: estarão eles ligados a nível emocional a ponto de o irmão saudável ter sido influenciado pelo irmão doente a, por amor, desenvolver a mesma doença?

Aqui uma explicação clara do que é a epigenética (apesar de ficar aqui esquecida a vivência pré-natal):