O meu coração sente-se infinitamente triste, abandonado, sozinho e assustado. Estou de luto pelo pequeno embrião que me acompanhou no início quando eu também era apenas um embrião; que se parecia comigo e tinha o meu ADN.
Cada vez que estou na mó de cima vem de novo a culpa, que não me permite ser bem sucedido, e feliz. Porque eu não me consigo perdoar por ter vivido e ele não.
É como se eu precisasse dessa dor antiga, como se quisesse sofrê-la para me reencontrar com a minha outra metade.
E é fácil relembrá-la, basta-me imaginar que alguém que eu amo me poderia deixar, para cair de novo naquela aflição, que eu mal a consigo suportar, mas que me conduz a um terreno conhecido. É lá que me sinto novamente perto do meu querido amigo do coração. Por isso volto sempre lá, à minha dor, regularmente, sempre outra vez.
Nunca me poderei libertar desta minha história antiga, isso nunca poderá acontecer, nunca, ela pertence-me, faz parte de mim, é o que eu sou. Mas se poder olhá-la de frente talvez fique mais aliviado. Se entender o que se passa comigo posso desculpar-me de todo este sofrimento, posso tentar esquecer a dor e guardar apenas a oportunidade de não ter sido gerado sozinho.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
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