Ninguém pode substituir nem compensar esta falta que trago enraizada, do pequeno embrião que me acompanhou no início, quando eu também era apenas um embrião; que se parecia comigo e tinha o meu ADN.
Durante muitos anos procurei quem pudesse substituir o meu companheiro de início de vida – a minha mãe? um amigo especial? - mas agora já não chega. Agora sei que não és tu quem eu procuro, e que não podes ajudar-me. Mesmo estando lá para mim como um irmão, como um amigo muito querido, mesmo que tentes fazer de conta que és aquele por quem eu sofro, o meu pequeno companheiro inicial, tudo isso será apenas uma ilusão que, mais cedo ou mais tarde me levará de novo ao sofrimento. E mesmo se encenarmos a confiança, a profunda ligação, a fusão, da alma e do corpo, mesmo assim não será igual àquilo que eu recordo tão vivamente do meu início, e que tantas saudades me deixa.
Preciso de me libertar de substitutos para compreender e entender aquilo que realmente sinto, o que é mesmo difícil... porque, dentro do meu coração, me sinto tão só e assustado.
Contra esta solidão ninguém pode fazer nada, só eu próprio a poderei preencher com as minhas memórias e com tudo aquilo que eu sou.
Nunca me poderei libertar desta minha história antiga, isso nunca poderá acontecer, nunca, ela pertence-me, faz parte de mim, é o que eu sou. Mas se poder olhá-la de frente talvez fique mais aliviado. Se entender o que se passa comigo posso desculpar-me de todo este sofrimento, posso tentar esquecer a dor e guardar apenas a oportunidade de não ter sido gerado sozinho.
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