Para
poder fazer o luto pelo seu irmão, para poder libertar-se da carga das emoções
relacionadas com a sua morte e poder entrar em contacto com o seu próprio Eu, o
bebé precisa, o mais cedo possível, que esses seus sentimentos sejam vistos por
quem ele ama.
Qualquer
ser humano, independentemente da sua idade, que esteja em choque precisa de uma
relação empática, segura, consequente e repleta de amor, para conseguir
sossegar a sua aflição.
A
mãe que não possa ou saiba acolher as emoções do seu bebé, que se sinta assustada
com o que ele expressa, ou que ignore os seus pedidos de ajuda, confunde-o. Numa
situação dessas ele sente-se frustrado e zangado por não ser visto e frequentemente
é aqui que começa a dificuldade de relacionamento com a mãe.
Assim, a figura materna deve estar preparada para ouvir e aceitar a verdade de tudo o que a criança precisar de exprimir. Ela precisará de todo o apoio do pai da criança e de outros familiares e amigos, de modo a estar disponível para cuidar de si própria na relação com o bebé. Ajudar a mãe a ter uma relação pacífica consigo própria é um modo de dar apoio à mãe e à criança para que possam criar mais facilmente um vínculo seguro entre si.
Assim, a figura materna deve estar preparada para ouvir e aceitar a verdade de tudo o que a criança precisar de exprimir. Ela precisará de todo o apoio do pai da criança e de outros familiares e amigos, de modo a estar disponível para cuidar de si própria na relação com o bebé. Ajudar a mãe a ter uma relação pacífica consigo própria é um modo de dar apoio à mãe e à criança para que possam criar mais facilmente um vínculo seguro entre si.
A mãe deve ainda procurar informar-se acerca dos pormenores da ocorrência vivida pelo seu filho, assim como na generalidade, saber o que implica perder um irmão gémeo durante a gestação. Deste modo ela poderá entender melhor a criança, e fazer o seu próprio processo de luto.
Paula
Diederichs, terapeuta psico-corporal que criou em Berlim três centros de
intervenção em crise com grávidas e bebés, afirma que frequentemente o sofrimento
emocional leva a criança a acumular altos níveis de adrenalina e grande tensão
muscular. Diederichs assegura que daí resultam muitas vezes bloqueios físicos
acompanhados de dores localizadas e que o trabalho corporal, na forma de massagens
e outras técnicas de toque, liberta os bloqueios do corpo, além de ajudar a
criança a alcançar gradualmente um estado de maior equilíbrio emocional interno
e serenidade.
O contato físico com o corpo da criança, nomeadamente o colo e o contacto pele com pele, são ainda de grande importância no apoio ao bebé gémeo solitário, porque o ajudam a adquirir mais consciência corporal e consequentemente mais consciência de si próprio. Ao tomar consciência dos próprios limites corporais, através do toque, ele reconhece-se enquanto ser distinto dos outros, aprende a distinguir o que ele é e o que ele não é e mais concretamente, aprende a separar-se do seu irmão falecido.
As
crianças mais velhas, que já falam, podem fornecer muitas pistas do que se
passa com elas, do que procuram, do que sentem, dos seus desejos e medos. É
preciso saber ouvi-las. Este é um exemplo de um relato de um menino de 3 anos:
"Naquele dia ele disse que
estava com saudades da Dália...
Mãe: Mas quem é Dália, filho?
Menino: A minha... prima.
Mãe: Filha de quem?
Menino: Sua, mãe. Ela era minha irmã. Ela morreu.
Mãe: A sério, filho? Quando?
Menino: Quando eu era muito pequenino. Nós brincávamos a nadar no mar. Depois eu fui crescendo e ela foi ficando pequenina, muito velhinha e depois morreu. Agora ela mora dentro do meu coração, como a avó. (A avó morrera pouco tempo antes e a mãe explicou à criança que agora ela morava no seu coração.)"
Mãe: Mas quem é Dália, filho?
Menino: A minha... prima.
Mãe: Filha de quem?
Menino: Sua, mãe. Ela era minha irmã. Ela morreu.
Mãe: A sério, filho? Quando?
Menino: Quando eu era muito pequenino. Nós brincávamos a nadar no mar. Depois eu fui crescendo e ela foi ficando pequenina, muito velhinha e depois morreu. Agora ela mora dentro do meu coração, como a avó. (A avó morrera pouco tempo antes e a mãe explicou à criança que agora ela morava no seu coração.)"
A
criança precisa do apoio da família, dos amigos, de terapeutas, de todos que
possam estar presentes com uma atitude empática, clara, sincera e coerente de
apoio.
Ela
anseia pelo reconhecimento do que interiormente perceciona e recorda,
procura entender-se, tenta processar mentalmente o que sente ao nível da sua
memória sensorial. É fundamental para o seu processo de validação de si mesma confiar no que ela diz e sente. A criança vai crescer em confiança e segurança cada vez que alguém reconhecer que ela foi e é gémea.
Conforme
o caso, poderá ajudar-se a criança a relatar a sua história. As
expressões artísticas, como a dança, a música, a pintura, a escultura, a
expressão musical, teatral são modos de dar forma aos sentimentos indizíveis,
ajudam a sondar o “insondável”. Dar um nome ao gémeo falecido, sentir se era
apenas um ou se eram mais que um, ter um boneco especial que o represente, tudo
isto é muito útil como modo de formalizar a sua existência.
À medida que o tempo passa a criança pode apresentar diferentes momentos de desespero, normalmente provocados por situações “gatilho” que a transportam ao trauma. Nestas situações é necessário estar-se de novo disponível de um modo amoroso para ouvir sem julgar nem impor soluções, sempre respeitando o seu próprio ritmo.
Reconhecer a gemelaridade da criança, isto é, reconhecer o facto de que ela foi e será sempre gémea, é ajudá-la a recuperar a confiança no amor e na vida.
Olá, eu sou gêmeas, meu irmão morreu ao nascer, sou prematura de sete meses, fiquei na incubadora, e quase morri, tive uma mãe de leite até um ano e dois meses pois minha mãe não tinha leite, e nao fiz o luto de meu irmao afeta hoje, vivo um profundo trauma psicológico e coloco sempre uma mulher no lugar dele, e já tenho 51 anos, varios gatilhos, um combate desde a adolescência. Queria saber se vou conviver com isso o resto da vida ou ainda posso melhorar?
ResponderEliminar