Womb Twin - Portugal

Gémeos singulares são pessoas que partilharam parte da sua vida intra-uterina (na maioria das vezes apenas umas semanas) com um ou mais irmãos ou irmãs gémeos idênticos ou fraternos que não chegaram a nascer. O segredo mais bem guardado até hoje é que o pequeno embrião já tem consciência, já guarda memória.

HAVERÁ PESSOAS GÉMEAS NASCIDAS SINGULARES QUE SOFREM TODA A SUA VIDA, COMO CONSEQUÊNCIA DESSA PERDA DO SEU COMPANHEIRO INICIAL?

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A relação gemelar embrionária

Segundo a psicologia pré-natal, o pequeno embrião humano tem, desde o início, consciência e a capacidade de gerir emoções. Pode observar-se, a partir de diversos estudos e investigações realizados nesta área, nomeadamente por Joanna Wilheim de São Paulo (psicanalista que desde os anos 80 observa o síndrome do gémeo perdido), que o embrião é um ser dotado de inteligência, isto é, capacidade de se adaptar a situações novas, entendendo e aprendendo com o que vive. Todos nós guardamos na nossa memória sensorial uma recordação viva do que se passou quando estávamos no ventre materno, de como foi o nosso nascimento e de como passámos os nossos primeiros meses de vida. Estas memórias definem o modo como percecionamos a realidade e influenciam-nos nas nossas opções de vida.
 
Os bebés trazem para o mundo de após o nascimento a referência da sua experiencia pré-natal de fusão com a mãe, assim como de tudo aquilo que vivenciaram no mundo intrauterino, onde eram totalmente contidos e nutridos. Esses dois mundos, de antes e de depois do nascimento, serão ligados tanto mais harmoniosamente quanto maior for a qualidade da relação físico-emocional da unidade mãe-bebé. Desde Mary Ainsworth, com as teorias de vinculação, se sabe que uma boa experiência de vinculação com a figura materna é absolutamente necessária para o saudável crescimento emocional e psicológico do ser humano. A individualidade psíquica do bebé é formada através dos cuidados maternos e do toque cheio de afeto. O poder das mãos é incontestável, o tato dissolve as tensões e é conforto necessário para que o pequeno ser se sinta amado e protegido.

Mãe e bebé não são apenas dois indivíduos distintos mas também uma unidade de dois seres interrelacionados. O que afeta um afeta o outro, e o que é bom para um é bom para o outro. Além desta vivência de fusão com a mãe, o trabalho dos últimos 50 anos do obstetra francês Michel Odent atesta que as experiências positivas vividas durante o parto assim como na fase imediatamente após o nascimento contribuem em grande medida para que a criança nasça confiante e inteira para o mundo, capacitada para amar e se desenvolver de modo equilibrado. A criança recebida com amor e respeito tende a oferecer ao mundo as suas qualidades, enquanto a criança mal recebida possivelmente passará a vida a tentar aliviar essa dor.

No início, logo após a conceção, o futuro ser é vibrante, decidido a crescer e repleto de energia vital. Nesta fase ele possui uma confiança fundamental e absoluta na Vida que o impele a vingar e prosperar. Com essa certeza vem também um conhecimento interior e arcaico do que necessita para ser equilibrado e feliz.

Numa gravidez de gémeos ou múltiplos cada um dos indivíduos se identifica com o seu irmão ou irmãos, isto é, não conhece o “eu” sem o “nós”. Cada um tem a sensação de ser uma parte de um todo maior: essa é a sua noção original de equilíbrio e felicidade.

Segundo Nancy Greenfield de Ojai, EUA, a relação gemelar embrionária tem o mesmo nível de intimidade que uma relação de gémeos após o nascimento e durante outros períodos da vida. A perda de um dos gémeos, independentemente da idade em que ocorra essa morte, pode deixar no sobrevivente marcas para toda a vida. Essas marcas variam e podem afetar a forma como o gémeo sobrevivente se sente a si próprio, incluindo questões de autoestima, o sentimento de que a vida é um caminho seguro ou inseguro, como sente os relacionamentos e se acredita na possibilidade de serem estáveis ou não, assim como outras crenças, expectativas e perceções sobre a sua experiência de vida, afirma Greenfield.

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