Os
bebés trazem para o mundo de após o nascimento a referência da sua experiencia
pré-natal de fusão com a mãe, assim como de tudo aquilo que vivenciaram no
mundo intrauterino, onde eram totalmente contidos e nutridos. Esses dois mundos,
de antes e de depois do nascimento, serão ligados tanto mais harmoniosamente
quanto maior for a qualidade da relação físico-emocional da unidade mãe-bebé. Desde
Mary Ainsworth, com as teorias de vinculação, se sabe que uma boa experiência
de vinculação com a figura materna é absolutamente necessária para o saudável crescimento
emocional e psicológico do ser humano. A individualidade psíquica do bebé é
formada através dos cuidados maternos e do toque cheio de afeto. O poder das
mãos é incontestável, o tato dissolve as tensões e é conforto necessário para
que o pequeno ser se sinta amado e protegido.
Mãe
e bebé não são apenas dois indivíduos distintos mas também uma unidade de dois
seres interrelacionados. O que afeta um afeta o outro, e o que é bom para um é
bom para o outro. Além desta vivência de fusão com a mãe, o trabalho dos
últimos 50 anos do obstetra francês Michel Odent atesta que as experiências
positivas vividas durante o parto assim como na fase imediatamente após o
nascimento contribuem em grande medida para que a criança nasça confiante e
inteira para o mundo, capacitada para amar e se desenvolver de modo equilibrado.
A criança recebida com amor e respeito tende a oferecer ao mundo as suas
qualidades, enquanto a criança mal recebida possivelmente passará a vida a
tentar aliviar essa dor.
No início, logo após a conceção, o futuro ser é vibrante, decidido a
crescer e repleto de energia vital. Nesta fase ele possui uma confiança
fundamental e absoluta na Vida que o impele a vingar e prosperar. Com essa
certeza vem também um conhecimento interior e arcaico do que necessita para ser
equilibrado e feliz.
Numa gravidez de gémeos ou múltiplos cada um dos indivíduos se identifica com o seu
irmão ou irmãos, isto é, não conhece o “eu” sem o “nós”. Cada um tem a sensação de ser uma
parte de um todo maior: essa é a sua noção original de equilíbrio e felicidade.
Segundo Nancy Greenfield de Ojai, EUA, a relação gemelar embrionária tem o mesmo nível de intimidade que uma
relação de gémeos após o nascimento e durante outros períodos da vida. A perda
de um dos gémeos, independentemente da idade em que ocorra essa morte, pode
deixar no sobrevivente marcas para toda a vida. Essas marcas variam e podem
afetar a forma como o gémeo sobrevivente se sente a si próprio, incluindo
questões de autoestima, o sentimento de que a vida é um caminho seguro ou
inseguro, como sente os relacionamentos e se acredita na possibilidade de serem
estáveis ou não, assim como outras crenças, expectativas e perceções sobre a
sua experiência de vida, afirma Greenfield.
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