Womb Twin - Portugal

Gémeos singulares são pessoas que partilharam parte da sua vida intra-uterina (na maioria das vezes apenas umas semanas) com um ou mais irmãos ou irmãs gémeos idênticos ou fraternos que não chegaram a nascer. O segredo mais bem guardado até hoje é que o pequeno embrião já tem consciência, já guarda memória.

HAVERÁ PESSOAS GÉMEAS NASCIDAS SINGULARES QUE SOFREM TODA A SUA VIDA, COMO CONSEQUÊNCIA DESSA PERDA DO SEU COMPANHEIRO INICIAL?

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ajudar crianças gémeas solitárias (1ª parte)

Do que necessitam os bebés dos quais se sabe ou suspeita que são gémeos solitários?

Começamos por questionar-nos como se sente alguém que presencia a morte de um familiar muito próximo e querido. E como se sente essa pessoa se nas semanas e meses seguintes ninguém mais mencionar o sucedido? Se, apesar dos seus imensos esforços para relatar como se sente e o que aconteceu, ninguém a entender? Como se sente essa pessoa se, para além disso, tentarem desviar a sua atenção para outras coisas, porventura “lindas”, para outros acontecimentos aparentemente "fantásticos", sem antes ter sido reconhecidos e validados a dor que ela traz no peito, a confusão e o sofrimento com que ela se debate? 

É preciso conhecer o gémeo solitário adulto para poder saber como lidar com o bebé.

Estas pessoas perderam alguém que fez parte da sua vida e com quem tiveram um relacionamento especial e único, mesmo que tenha sido apenas durante as primeiras semanas de vida intrauterina. Em geral os sentimentos observados em gémeos solitários são: sensação de ser diferente dos outros, confusão em relação à sua identidade ou à identidade sexual, tristeza insondável, sentimentos de culpa, grande falta de autoestima, solidão, sensação de falta e incompletude, falta de energia de vida alternando com energia a mais, raiva ou ressentimento, medos inexplicáveis, atração pela morte e dificuldades nos relacionamentos. Persiste na pessoa desde o seu nascimento uma sensação insondável de que algo ou alguém falta e que algo dramático aconteceu.

Althea Hayton, fundadora da associação Wombtwin.com em Londres, afirma que o gémeo solitário procura durante toda a sua vida reinterpretar ou preservar o que viveu no ventre materno: a história da relação com o seu irmão gémeo. E diz ainda Hayton que ele não olhará a meios, recorrerá a todo o tipo de fantasias e ilusões no sentido de recriar essa sensação em si, a custo de muito sofrimento pessoal. Apesar de presente em determinado nível da consciência, na maioria dos casos a memória da perda é insondável e incompreensível, o que dá origem à muito referida sensação de ser diferente e de haver algo de errado em si. A impossibilidade de entender o que provoca o sofrimento é uma das maiores causas de angústia.

A criança que sabemos que foi gémea e perdeu o seu irmão ou irmãos necessitará daquilo de que sente falta o adulto, isto é, de ser vista e aceite como é, de ser validada no que sente, de ser tratada com respeito apesar das suas diferenças e especificidades. Ao receber estes cuidados em criança ela poderá recuperar a autoconfiança e a autoestima perdidas. É deste modo que poderá entender que não há nada de errado consigo.

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