“Saber da existência da minha irmã
gémea dá-me um terreno onde pisar; canaliza uma obsessão; suaviza uma ferida
profunda, mas, é claro, não a cura; dá uma forma, uma identidade e uma
confirmação à luta que se trava dentro de mim; Revela-me aos meus próprios
sentimentos; dá-me um melhor amigo cá dentro.”
A
palavra é um importante recurso que serve a comunicação com a criança, mesmo
com um bebé de tenra idade. Toda a informação disponível acerca do que se
passou deve ser-lhe transmitida verbalmente num tom de voz tranquilo, sem
exageros nem menosprezos. Segundo Myriam Szejer, essas palavras dirigidas
diretamente ao bebé vão permitir-lhe organizar a sua perceção interna e dar-lhe
um significado.
O
culto dos gémeos dos Yorubas, em África, onde nasce um grande número de gémeos,
dita que a alma dos gémeos é indivisível. Assim, se uma das crianças morre eles
materializam um substituto para a criança na forma de uma pequena figura de
madeira – um ibeji. Essa figura é
vestida, enfeitada com joias, lavada e untada com óleos, e tratada do mesmo
modo que a criança viva, sendo mesmo colocada ao peito. Quando já é mais
crescida, a criança sobrevivente passa a carregar a sua "outra
metade" ao pescoço ou à cintura. Esta tradição africana mostra como toda a
sociedade reconhece e valida os sentimentos de perda do gémeo solitário de modo
a ajudá-lo a reconciliar-se com a sua dor e a fazer o luto com consciência.
Toda a sociedade se conjuga para lhe fazer ver que o seu irmão gémeo existiu mas
morreu cedo.
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