Womb Twin - Portugal

Gémeos singulares são pessoas que partilharam parte da sua vida intra-uterina (na maioria das vezes apenas umas semanas) com um ou mais irmãos ou irmãs gémeos idênticos ou fraternos que não chegaram a nascer. O segredo mais bem guardado até hoje é que o pequeno embrião já tem consciência, já guarda memória.

HAVERÁ PESSOAS GÉMEAS NASCIDAS SINGULARES QUE SOFREM TODA A SUA VIDA, COMO CONSEQUÊNCIA DESSA PERDA DO SEU COMPANHEIRO INICIAL?

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ajudar crianças gémeas solitárias (parte 2)

Informar a criança por diversos meios e o mais cedo possível acerca da sua experiência de perda pré-natal é crucial. Este é o relato de alguém que desde criança soube que era gémeo solitário:

“Saber da existência da minha irmã gémea dá-me um terreno onde pisar; canaliza uma obsessão; suaviza uma ferida profunda, mas, é claro, não a cura; dá uma forma, uma identidade e uma confirmação à luta que se trava dentro de mim; Revela-me aos meus próprios sentimentos; dá-me um melhor amigo cá dentro.”

 O bebé gémeo solitário precisa de compaixão e respeito para com a sua dor e aflição. Ele precisa que o adulto veja, receba e aceite o sofrimento que o acompanha e caracteriza, tendo em conta que a expressão dessa pena pode ter diversas manifestações. O pequeno ser humano ferido precisa de ser acolhido da maneira que estiver, desesperado, assustado, apático, ansioso, insensível, hiperativo, ausente, tenso, esteja ele como estiver a cada momento. Há uma razão de imenso significado para ele estar como está: o seu amigo, o companheiro mais querido partiu e nunca mais voltará. O bebé sobrevivente necessita que os seus cuidadores reconheçam que esta sua história de amor, morte e saudade está presente no seu dia-a-dia.

A palavra é um importante recurso que serve a comunicação com a criança, mesmo com um bebé de tenra idade. Toda a informação disponível acerca do que se passou deve ser-lhe transmitida verbalmente num tom de voz tranquilo, sem exageros nem menosprezos. Segundo Myriam Szejer, essas palavras dirigidas diretamente ao bebé vão permitir-lhe organizar a sua perceção interna e dar-lhe um significado.

O culto dos gémeos dos Yorubas, em África, onde nasce um grande número de gémeos, dita que a alma dos gémeos é indivisível. Assim, se uma das crianças morre eles materializam um substituto para a criança na forma de uma pequena figura de madeira – um ibeji. Essa figura é vestida, enfeitada com joias, lavada e untada com óleos, e tratada do mesmo modo que a criança viva, sendo mesmo colocada ao peito. Quando já é mais crescida, a criança sobrevivente passa a carregar a sua "outra metade" ao pescoço ou à cintura. Esta tradição africana mostra como toda a sociedade reconhece e valida os sentimentos de perda do gémeo solitário de modo a ajudá-lo a reconciliar-se com a sua dor e a fazer o luto com consciência.
Toda a sociedade se conjuga para lhe fazer ver que o seu irmão gémeo existiu mas morreu cedo.

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