Uma obra do mímico francês Jérome Murat que nos inspira a olhar a realidade com outros olhos, a reconsiderar o nosso lugar neste mundo, e a rever os nossos relacionamentos com os outros. Esta fascinante performance tem tanto sucesso e tanto impacto para muitas pessoas, não só pela sua qualidade artística, mas também porque para cerca de um décimo de todos nós ela soa a qualquer coisa conhecida...
Ele conta a história de um homem estátua que é surpreendido por uma segunda cabeça igualzinha à sua, que estava dissimulada em si. Depois de ela despertar e o saudar amorosamente este homem, ele por sua vez, desperta também para a vida. Da dualidade e empatia entre eles surge a alegria, a descoberta, mas também a competição pelo protagonismo: como podem coexistir duas cabeças no mesmo corpo? Ele tenta então suprimir à força a cabeça que acaba de se revelar, mas desse acto de abuso de poder resulta um momento grandioso, como que uma intervenção superior, quase divina. Imediatamente, revogando a sua decisão, o homem rejeita então a sua própria cabeça e opta pela cabeça que tinha latente em si. Vejam:
- Existe em mim mais alguém oculto? e quem é esse alguém?
- Será que sou dois?
- Estará um de nós aqui a mais?
- Quem sou eu? serei quem eu imaginava que era?
- Fiquei mais Eu depois de assumir quem em mim se revelou, e ganhou força, e tanta vontade de me conquistar?
A sua verdadeira cabeça, antes encoberta, assume finalmente o devido lugar, ao conquistar o lugar da cabeça que o homem julgava ser a sua (e que poderiamos atribuir ao seu irmão gémeo perdido).
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