Womb Twin - Portugal

Gémeos singulares são pessoas que partilharam parte da sua vida intra-uterina (na maioria das vezes apenas umas semanas) com um ou mais irmãos ou irmãs gémeos idênticos ou fraternos que não chegaram a nascer. O segredo mais bem guardado até hoje é que o pequeno embrião já tem consciência, já guarda memória.

HAVERÁ PESSOAS GÉMEAS NASCIDAS SINGULARES QUE SOFREM TODA A SUA VIDA, COMO CONSEQUÊNCIA DESSA PERDA DO SEU COMPANHEIRO INICIAL?

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

"Gémeos amalgamados"

Através de um teste de ADN chegou-se à surpreendente conclusão que uma mulher inglesa não era a mãe dos seus próprios filhos, gerados de modo natural. De facto o ADN do seu sangue e o ADN do tecido dos seus ovários não coincidia: ela é chamada uma quimera humana.
Põe-se então uma questão: será a irmã gémea desta mulher, fisicamente fundida no seu corpo, a mãe dos seus próprios filhos? Podemos dizer que esta mulher inglesa é na realidade a fusão de duas pessoas, duas irmãs gémeas fraternas.
A medicina considera pessoas constituídas por dois tipos de células geneticamente diferentes quimeras humanas. São pessoas "como nós" que no seu corpo contêm ADN provenientes de dois blastocistos diferentes que se fundiram em determinada fase do seu desenvolvimento (ver aqui artigo em inglês).

A olho nu o quimerismo é dificilmente visível, sendo apenas possível de reconhecer em pessoas que têm genitais sexualmente ambíguos (hermafroditas), ou ainda quando partes de tecido diferem geneticamente umas das outras, fenómeno também chamado de mosaicismo. Na pele este fenómeno denomina-se de linhas de Blaschko, mas pode também observar-se quando a cor dos olhos ou dos cabelos é diferente de cada lado do corpo, quando há assimetrias.

As quimeras mais frequentemente relatadas têm sido descobertas através da fenotipagem sanguínea, detectando-se algumas pessoas que possuem dois tipos de sangue diferente. Em irmãos gémeos fraternos encontram-se algumas dessas quimeras sanguíneas porque, estando as suas placentas interligadas, eles partilharam o fornecimento de sangue no útero (o que permitiu a troca de embrionic stem cells sanguíneas e a sua consequente introdução na medula óssea do gémeo receptor). No caso das quimeras sanguíneas que não têm irmãos gémeos, a medicina aceita a hipótese de se estar perante a síndrome do gémeo desaparecido.

Afirma Charles E. Boklage geneticista e especialista em gemelaridade da East Carolina University, que nos últimos 20 anos tem estudado o desenvolvimento e a estrutura genética nomeadamente de gémeos: “(a quimera humana)…embora raramente seja detectada, pode não ser rara. Possivelmente alguns de nós somos provenientes de dois embriões... Ocasionalmente, encontramos dadores de sangue que transportam dois tipos diferentes de sangue: isso poderá significar que gémeos fraternos se fundiram no ventre materno em um só corpo. Naturalmente, não há nenhum modo de determinar a fusão de gémeos idênticos, já que os seus genes e os tipos de sangue são iguais.
Nestes casos os gémeos não desaparecem; eles ficaram amalgamados."

O quimerismo pode considerar-se então um terceiro fenómeno de gemelaridade para além dos dois de que se tem conhecimento: gémeos monozigóticos e dizigóticos.
Enquanto a divisão dos blastómeros (óvulos fecundados) dá origem a gémeos idênticos, o quimerismo dá-se pela fusão de dois blastómeros, quer sejam eles oriundos de dois óvulos fecundados diferentes, ou de um mesmo óvulo fecundado que se dividiu.

Quimeras são pessoas duais, gémeos de si próprios.

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