Para além deste motivo mais festivo, Isabel Seara, organizadora do encontro e vice-presidente do Grupo de Gémeos, também aproveitou, em bom tempo, para dar visibilidade à problemática da redução selectiva ou interrupção de gestações multifetais na reprodução medicamente assistida por técnicas de inseminação artificial, (pode ler mais sobre o assunto em inglês aqui) dizendo, como pode ler-se no Jornal Oeste Online, que “o Estado não se deve imiscuir na vida privada das famílias e das grávidas que optaram pela inseminação artificial”. O seu argumento é então considerar que “a felicidade da fertilidade se sobrepõe ao risco da gravidez de múltiplos”.
Há aqui uma informação importante em falta, relacionada com a vivência do feto que fica depois de se ter interrompido a gestação do/s seu/s irmão/s gémeo/s.
Como sabemos, por experiência própria, a alma do feto "tem o tamanho" da alma do adulto! Ele sente o que se passa à sua volta, e mais do que isso, tem acesso aos sentimentos das pessoas que o cercam, possivelmente através da mãe. Existe uma comunicação intensa (fisiológica e/ou espiritual) entre o embrião e a mãe desde a formação do blastocisto, ficando tudo registrado na extraordinária capacidade da sua memoria celular (ou espiritual).
Temos que nos colocar a questão de como se sentirá uma pessoa que "sobreviveu" a uma intervenção médica em que indiferenciadamente os seus irmãos foram eliminados?
Este caso narrado por Thomas Verny e John Kelly no seu livro A Vida Secreta da Criança antes de nascer, uma referência da psicologia pré e peri-natal, demonstra a consciência que o feto tem de tudo o que se passa com a sua mãe e a sua envolvente.
O Dr. Peter F. Freybergh, professor de obstetrícia e ginecologista da Universidade de Upsala, na Suécia, observou que Kristina, um bebé robusto e bem comportado, revelou um estranho comportamento: recusava-se a mamar no seio da mãe. Aceitava o biberão ou o seio de outras mulheres, mas não queria nada com o alimento materno. Dr. Peter, indagando da mãe a razão de tal comportamento, recebeu um “não sei” como resposta. Quando, porém, o Dr. Peter foi mais incisivo na pergunta: “Mas você desejava realmente esta gravidez?”. Ela esclareceu: “Eu queria abortar, mas o meu marido desejava esta criança, então, mantive-a”. “Isto era novidade para o Peter, mas obviamente não o era para Kristina”, comenta o Dr. Verny; “Afectivamente rejeitada no útero, Kristina, com apenas quatro dias de vida e inteiramente dependente, estava firmemente decidida a rejeitar a sua mãe”.
A Dra. Joanna Wilheim, Presidente da Associação Brasileira para o Estudo do Psiquismo Pré- e Peri-Natal, afirma com base nos seus estudos científicos que “Se conceituarmos inteligência como a capacidade para auto-gerir-se mentalmente; adaptar-se e adequar-se a situações novas; seleccionar condições e aproveitar experiências – o que implica aprendizado e memória -, podemos concluir que de facto elas estão presentes no feto desde o período inicial da gestação”.
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