Womb Twin - Portugal

Gémeos singulares são pessoas que partilharam parte da sua vida intra-uterina (na maioria das vezes apenas umas semanas) com um ou mais irmãos ou irmãs gémeos idênticos ou fraternos que não chegaram a nascer. O segredo mais bem guardado até hoje é que o pequeno embrião já tem consciência, já guarda memória.

HAVERÁ PESSOAS GÉMEAS NASCIDAS SINGULARES QUE SOFREM TODA A SUA VIDA, COMO CONSEQUÊNCIA DESSA PERDA DO SEU COMPANHEIRO INICIAL?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Falar com os bebés

Um exemplo de como o tratamento precoce em gémeos sobreviventes pode salvar vidas, e prevenir distúrbios psico-somáticos:
Myriam Szejer, pedopsiquiatra, pratica há mais de dez anos junto de mães e bebés um tipo de terapia chamada de escuta pós-parto. É um tratamento através da palavra, indicado para prevenir ou curar doenças e alguns distúrbios somáticos ou funcionais dos recém-nascidos. Diz a pedopsiquiatra que “É importante falar com a criança de uma maneira geral porque se trata de um ser humano, envolvido pela linguagem e portanto ávido dessas palavras que o constroem, mesmo a nível inconsciente. Às vezes há verdades fundamentais que dizem respeito à sua história e que se torna essencial dizer-lhe o mais cedo possível, para evitar que ela sofra por causa delas. Essas palavras permitem à criança organizar suas percepções e dar-lhes um sentido.”
No seu livro Palavras para Nascer, Myriam Szejer relata o caso de uma gravidez gemelar em que havia uma malformação muito grave numa das gémeas. Segundo prognósticos médicos depois de nascer ela teria um curto período de sobrevivência. A interrupção in-útero da vida desse feto foi feita já tadriamente, tendo o feto morto permanecido no útero até ao nascimento por cesariana da irmã sobrevivente, que se deu 15 dias depois. Tal como previra a Dra. Szejer, a gémea sobrevivente, de nome Léa, teve sérios problemas logo após o nascimento: não se alimentava e quando era amamentada à força, regurgitava imediatamente, colocando em risco a sua própria vida.
O problema foi tratado num trabalho muito intenso, com muitas conversas com Léa. Como explica a pedopsiquiatra "No caso da morte de um irmão gêmeo durante a gravidez, é preciso explicar ao que sobreviveu que ele poderá guardar no coração a lembrança de seu irmão ou da sua irmã, mas que ele não o verá mais."
Em duas semanas a recém-nascida conseguiu assimilar a situação da falta da sua gémea, a sua própria situação de sobrevivente, e a dificuldade em se alimentar desapareceu. Ao ser ajudada a fazer o luto da irmã ela pode recuperar do choque que viveu ainda antes de nascer.

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