
Este génio da arquitectura que no dia 15 de Dezembro de 2007 fez cem anos, desafiou a arquitetura com linhas sinuosas, extrapolou o modernismo, criou Brasília (junto com Lúcio Costa) e recentemente foi eleito o nono entre os 100 maiores génios vivos.
O livro tem por fim dar a conhecer os diversos ângulos da personalidade de Oscar Niemeyer - o Arquiteto, o Artista, o Escritor, o Criador, o Cidadão, o Amigo; as suas andanças, os seus amigos, a sua familia, as coisas que lhe interessam.
Diz Oscar Niemeyer no prefácio, explicando um pouco melhor quem é, e que tipo de relação tem com este seu sósia:
«Meu sósia vem de longe, de outros continentes, de tempos tão distantes que deles só os livros podem lembrar. Mas vem também de áreas mais próximas, vem de Maricá onde nasceram meus avós (…)
Nada tenho a me queixar deste intruso que dentro de mim existe há anos, e me cerca com seus conselhos.
Mais puro do que eu – desconhece todos os preconceitos da sociedade – ele me sugere coisas impossíveis. Mas é honesto, despensa bens materiais e é leal e generoso, o que facilita essa conversa diária que mantemos.
Gosta de beleza. A mulher o fascina e a natureza o emociona. Muita coisa nos identifica. (…)
Não é difícil levá-lo para os problemas sociais. Seu feitio fraternal facilita.
E assim vamos nós de mão dada, sonhando melhorar o mundo. (…)
Curioso, meu sósia quer ocupar-se de coisas em demasia. Desenhar, fazer esculturas e literatura. Procuro contê-lo, fazendo autocrítica, ouvindo os amigos, lendo muito.Mas ele insiste. Diz que a arquitectura deve estar ligada a todos os assuntos da cultura e lembra como afirmativas de Heidegger e Malraux me foram úteis na defesa de meus projectos. Tudo o que faço tem sua participação e com ele divido o que vocês acharem de bom ou ruim neste livro.»
Encontrei mais esta frase sua, de uma outra ocasião: “Acho muito bom a pessoa se recolher e ficar pensando em si mesma, conversando com esse ser que tem dentro dela, que é nosso sósia, né? Eu converso com ele a vida inteira.”
É integrando na nossa vida aquele ou aquela que sentimos ser o nosso sósia dentro de nós, dando-lhe um lugar concreto, um espaço real, acreditando na sua existência e poder, que nos podemos curar da dualidade que está entranhada no nosso ser. É validando os nossos sentimentos perante nós próprios e os outros falando deles a todo o mundo, que nos vamos libertando da dor da perda para então podermos atingir o nosso verdadeiro potencial.